De 29 de julho a 07 de agosto, decorreu mais um Campo Bosco. Cerca de 650 jovens, provenientes de várias partes de Portugal e Espanha, peregrinaram por alguns locais onde D. Bosco viveu, construiu a sua obra educativa e fortaleceu o carisma salesiano.
O tema escolhido para esta edição, “Faremos tudo a meias”, baseia-se num gesto de D. Bosco para um jovem do seu Oratório, Miguel Rua. Quando este lhe pedia uma medalha, o Pai e Mestre dos Jovens estendia a sua mão esquerda e com a direita fazia o gesto de cortar a sua mão ao meio e dizia “Toma Miguelito!”. Só mais tarde D. Bosco explicou o significado deste gesto: “Queria dizer que contigo, faríamos tudo a meias”. E assim foi. Miguel Rua foi o maior colaborador de D. Bosco em Valdocco e tornou-se o seu primeiro sucessor, sendo fundamental na consolidação da missão salesiana.
O Campo Bosco começou, como já é habitual, em Barcelona, onde D. Bosco esteve em 1886, poucos anos antes da sua morte. Pernoitámos nos Sale-sianos de Martí-Codolar, conhecemos a história deste local e da sua comunidade. Visitámos Can Prats, a Torre Gironella, o Tibidabo e o Santuário de Maria Auxiliadora. Percebemos que D. Bosco foi marcante para esta cidade espanhola. A obra viva que se espalha pelo território e o brilho no olhar de quem nos conta as suas histórias assim o confirma.
A aventura continuou de autocarro até à Terra dos Sonhos. Apesar da longa viagem, a ânsia de chegar não nos deixava desmotivar. Duas fronteiras e 15h volvidas, avistámos o Colle Don Bosco. Olhos brilhantes de quem já tinha saudades, o encanto dos que o viam pela primeira vez. Entoavase “Pai e Mesre dos Jovens (…) Cantemos, cantemos!” e o coração apertava. Ao pôr-do-sol, entre abraços, lágrimas nos olhos e to-ques numa bola de futebol, sentimos que tínhamos chegado a casa. E foi em casa que ficamos alojados nos restantes dias passados em Itália.
No primeiro dia em Turim, sentimos o Colle, (re)descobrimos os seus recantos. Conversámos muito, com Deus, com D. Bosco, uns com os outros. Visitámos os nossos medos, as nossas inseguranças. Contámos segredos. Partilhámos sonhos e experiências. Reconciliamonos com o nosso todo.
o dia seguinte, visitamos Chieri e as comunidades vizinhas: Granja Moglia, Mondonio, Morialdo e Castelnuovo Don Bosco. Ao visitar estes locais, percorremos a vida de D. Bosco e acompanhamos o seu crescimento. Contextualizamos vários episódios que conhecíamos mas que passaram a fazer muito
mais sentido. Em Chieri, tivemos a oportunidade de ver a pequenez e simplicidade do quarto onde D. Bosco dormia e estudava, enquanto trabalhou no café Pianta para pagar os estudos.
Se os primeiros dias foram especiais, os que se sucederam tornaramse um turbilhão de emoções. A barreira linguística foi um pormenor quando todos falávamos a linguagem do amor.
A obra salesiana, nas suas várias vertentes, tem como um dos pilares ba-sais Madre Maria Mazzarello, a nossa Maín. O Campo Bosco não estaria completo sem dedicarmos algum tempo à descoberta da fundadora das Filhas de Maria Auxiliadora. Chegamos a Mornese perante um calor abrasador, assim já o era no tempo em que Maín percorria quilómetros para ir à Eucaristia. Neve, frio, calor, chuva, nada demovia a devoção de Maín. Madre Mazzarello enfrentou as inúmeras dificuldades económicas e socias para que a educação das meninas fosse valorizada. Foi chocante perceber que tantos jovens nada sabiam sobre esta mulher, que esteve na vanguarda do seu tempo. Nesta terra, sentimos o calor humano no sorriso de cada irmã. Não há como não ser feliz entre tantos abraços.
O Oratório de Valdocco, berço da obra salesiana, era o local mais aguar-dado pela maioria de nós. Descobrir o local onde tudo começou, sentir a místi-ca da pequena Capela Pinardi e brincar nos pátios onde outrora brincaram os primeiros rapazes desta obra é indescritível. O museu é bastante elucidativo da vida de D. Bosco e da evolução do próprio oratório, espelho do crescimento da obra salesiana. A Basílica de Maria Auxiliadora, onde se encontra a relíquia do Pai e Mestre dos Jovens, feznos sentir num mundo à parte. Resguardados de qualquer problema pessoal, longe do mundo. Viajamos no tempo, para onde tudo teve início. Para todos nós, em Valdocco, D. Bosco teve uma palavra ao ouvido.
O último dia em Itália foi passado a visitar os locais dos primeiros anos da missão de D. Bosco como sacerdote. Foi um dia mais livre que culminou em beleza com uma Eucaristia na Igreja de S. Francisco de Assis. Regressamos a Barcelona onde demos os últimos abraços em jeito de “Obrigado”.
|